Recebi um correio eletrônico, onde se conta que em um vestibular de uma universidade da Bahia, pediu-se aos candidatos a interpretação do seguinte trecho de um soneto de Camões:
“Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer.”
Não sei se o fato é verídico; sabemos como são passadas inverdades através da Internet, mas achei tão interessante, que resolvei contar aqui pra você. Peço desculpas por estar igualmente divulgando, mas minha intenção é aproveitar a história (verdadeira ou não) para falarmos de comportamento humano; não estou querendo me apropriar de idéias de outrem ou coisa parecida.
Segundo consta, uma vestibulanda deu a seguinte interpretação para o soneto de Camões:
“Ah, Camões!, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão...
Compravas um computador,
consultavas a Internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo !”
Diz-se que a candidata ganhou nota 10 pela originalidade, pela estruturação dos versos e pelas rimas insinuantes. Realmente, foi muito criativa a interpretação e o texto produzido foi de grande qualidade poética. Mereceria a nota, sem dúvida.
Nada é imutável como já diziam alguns filósofos da Antiguidade. O tempo passa e o que tinha um determinado valor para um, terá outro para outros de uma nova geração. Amor em um tempo é diferente de amor em outro. Os vários modelos de emoções e sentimentos não fazem parte da essência do ser, nem são constituintes do bio humano, elas são construídas dependendo de suas vivências e de acordo com suas percepções, que são igualmente construídas e dependem do tempo e ainda do espaço em que se vive.
Por isso, ocorrem os tão falados choques de gerações, as tão comuns divergências entre pais e filhos e entre alunos e professores. É sempre bom pensarmos nisso.
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