quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Pobre também “avôa”


Por Ramalho Leite

A democratização da venda de passagens aéreas tem feito a festa de uma faixa da população que sempre utilizou o transporte terrestre. Promoções via internet garantem o acesso de quem olhava para um avião como quem olha o céu no desejo de alcançar uma graça.Não precisa o IBGE para se constatar que agora pobre também “avôa”…

Nunca na história deste País se viajou tanto de avião, diria Lula, chamando para sua sardinha a preferência dos mais pobres pela condução a jato. Para ele foi o surgimento de uma nova classe média, recheada por distribuição de renda mais justa, que proporcionou status de viajante aéreo aos assalariados. As facilidades creditícias reservam poltronas para quem sempre sofreu mais de três dias para alcançar o sul maravilha.

Uma tarde dessas aguardava a chegada de um vôo no Castro Pinto e me assustei quando vi uma multidão se deslocar para a vidraça da estação de passageiros. Parecia a chegada do trem com os passageiros subindo a Barão de Triunfo em direção ao Ponto Cem Reis. Corri também. Era uma aeronave que pousava e todos queriam assistir à descida dos parentes.Foi uma festa.

Antigamente avião era coisa de gente sofisticada. A indumentária do homem era o paletó e a gravata. A mulher escolhia seu melhor traje para viajar. Agora, nem os Congressistas que pegam avião na terça pela manhã para iniciar sua semana de três dias em Brasília botam uma gravata. Vestem a roupa protocolar em seus gabinetes, pois, nos dias atuais, não é muito conveniente que sejam identificados entre gente comum. Usar o broche da Casa a que servem, nem pensar…

Está no avião? Pode olhar de lado que você vai encontrar na poltrona vizinha gente de bermuda e de sandálias. Felizmente foi proibido fumar, pois cigarro de palha é um bicho muito fedorento desde os tempos de Ageu de Castro, deputado de Pombal e usuário de um pé-de-fumo dos fortes. Conta-se que, o condutor de um ônibus o advertiu e lhe mostrou uma placa que dizia ser proibido fumar cigarro de palha, ao que, retrucou:

-Se fosse para obedecer a placa, eu vinha tomando Coca-cola desde Pombal…

O certo é que a viagem de avião banalizou-se. Com pouco dinheiro e nome limpo no Serasa se viaja o mundo todo por poucos dias e muitos meses para pagar. Já se inventou até um pacote para idosos fazer turismo, relaxar e gozar… Ninguém se admire se em breve forem reservadas poltronas para os beneficiários do bolsa- família. Afinal, esse é um País de todos…


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