segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Jornal trás Raniery encabeçando lista de deputados que aumentaram patrimônio e provando que fazer política é um bom negócio

Fazer política é um grande negócio

Um levantamento feito pelo site Transparência Brasil revela que a política é, sim, um bom negócio na Paraíba. O estudo elaborado pela ONG, com base nas informações prestadas pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostra que a maioria dos postulantes possui um talento excepcional para administrar os próprios bens. O resultado disso não poderia ser outro: alguns deles chegaram a quadruplicaram o patrimônio nos últimos quatro anos.

Um exemplo disso é o do deputado estadual Raniery Paulino (PMDB), que, em relação a 2006, está 406,1% mais rico. O representante do legislativo estadual declarou, em 2006, um patrimônio de R$ 95.714. Em 2010, o valor subiu para R$ 484.384. O deputado foi procurado para comentar os números, mas não foi localizado pela reportagem.

Outro parlamentar paraibano que teve uma evolução parecida foi o deputado federal Efraim Filho (DEM). O patrimônio dele cresceu 406% em quatro anos. Mas o parlamentar se apressa em dizer que não houve qualquer mágica nisso. A sua relação de bens declarados aumentou porque ele se casou. “Eu me casei e meus bens se somaram com os da minha esposa”, justificou.

Efraim Filho afirmou ainda que só agora começou a construir um patrimônio sólido, que inclui a compra de um carro e de um apartamento em construção. “Também sou advogado e tenho meus investimentos”, continuou. Na relação dos que melhor souberam multiplicar o patrimônio estão os deputados estaduais Márcio Roberto, Trócolli Júnior e Dr. Verissinho (todos do PMDB). A evolução patrimonial deles foi de 200%. Junto com Efraim e Raniery, os parlamentares fecham a lista dos cinco políticos com maior evolução no patrimônio declarado.

Entre os casos que envolvem maior valoração em relação aos bens, o do deputado estadual Aguinaldo Ribeiro (PP) se destaca. Apesar de apresentar um menor percentual de crescimento em relação aos demais (164,6%), Aguinaldo foi o que mostrou melhor evolução patrimonial em valores. Em 2006, ele possuía bens avaliados em R$ 1.350.998. Jáneste ano, o montante subiu para R$3.575.094. O deputado também não foi localizado para comentar o assunto.

Além de Aguinaldo Ribeiro, outros seis integram a lista dos parlamentares paraibanos milionários: Wellington Roberto (PR), Francisco de Assis Quintans e João Henrique (ambos do DEM), Francisca Motta (PMDB), Pedro Medeiros e Ricardo Marcelo (ambos do PSDB). Todos dispostos a tentar a reeleição ou a eleição para outros cargos no pleito deste ano.

É raro, mas há quem diga ter empobrecido na vida pública
• Na contramão da maioria dos parlamentares, que conseguiram elevar seus patrimônios nos últimos quatro anos, alguns políticos tiveram uma curiosa diminuição de bens no mesmo período. É o caso, por exemplo, dos deputados federais Wilson Braga (PMDB), Luiz Couto (PT) e Wilson Santiago (PMDB), e o deputado estadual João Gonçalves (PSDB).

O caso mais expressivo é o de Wilson Braga, que apresentou uma queda patrimonial de 76,6%, passando de R$ 1.134.016, em 2006, para R$ 264.816 neste ano de 2010. O parlamentar é seguido pelo colega Luiz Couto, que há quatro anos tinha uma declaração de bens de R$ 114.578 e agora possui apenas R$ 63.080. A queda de 44,9% é explicada pelo deputado: “Vendi um carro para financiar minha campanha já que não ganhei um centavo do PT”.

O petista disse ainda que comprou um apartamento mais barato com recursos do FGTS, da época em que era professor universitário e que, agora, está fazendo empréstimos para custear a fase final da campanha. Ele acrescentou que seus bens não aumentam porque seu salário como deputado federal não é gasto por ele. “Não recebo como parlamentar. O dinheiro é depositado num fundo que atende demandas de pessoas necessitadas”, garante. Para Couto a política não deve ser usada para o enriquecimento ou acúmulo de bens.

Outro que também alegou serviços prestados ao povo para justificar a queda no patrimônio foi o deputado estadual João Gonçalves. O tucano afirmou que precisou se desfazer de dois terrenos e que o dinheiro recebido como parlamentar é usado para ajudar pessoas que o procuram em busca de apoio. “Uso para atender aos apelos daqueles que o Estado não consegue atender”. João deixou claro que não promove os auxílios em períodos de campanha e que não “usa a política para aumentar os bens patrimoniais”. Entre os anos de 2006 e 2010, o deputado estadual perdeu 31,4% de seus bens, caindo de R$ 190 mil para R$ 130.278.

Evolução patrimonial

Raniery Paulino (PMDB) – R$ 95.714 em 2006 e R$ 484.384 em 2010 – (406,1%)
Efraim Filho (DEM) – R$ 142.061 em 2006 R$ e 718.782 em 2010 – (406%)
Márcio Roberto (PMDB) – R$ 120.500 em 2006 e R$ 480.000 em 2010 – (298,3%)
Trócolli Júnior (PMDB) – R$ 221.036 em 2006 e R$ 792.190 em 2010 – (258,4%)
Dr. Verissinho (PMDB) – R$ 282.615 em 2006 e R$ 942.209 em 2010 – (233,4%)
Lindolfo Pires (DEM) – R$ 288.000 em 2006 e R$ 893.159 em 2010 – (210,1%)
Aguinaldo Ribeiro (PP) – R$ 1.350.998 em 2006 e R$ 3.575.094 em 2010 – (164,6%)
Jeová Campos (PT) – R$ 205.000 em 2006 e R$ 533.000 em 2010 – (160%)
Guilherme Almeida (PSC) – R$ 218.151 em 2006 e R$ 557.073 em 2010 – (155,4%)
João Henrique (DEM) – R$ 742.964 em 2006 e R$ 1.851.920 em 2010 – (149,3%)

Além dos salários, existem as vantagens

O levantamento da Transparência Brasil possui os nomes de 71 parlamentares paraibanos, incluindo os vereadores de João Pessoa. Apesar disso, apresenta a evolução patrimonial apenas de quem se escalou para a disputa deste ano, o que exclui 25 políticos que disputaram as eleições de 2006 ou 2008 e não registraram candidatura no pleito atual. Por conta disso, a relação não inclui 16 dos 21 vereadores pessoenses, cinco deputados estaduais, dois deputados federais e dois senadores.

Os salários brutos dos parlamentares, em geral, oscilam entre R$ 9 mil e R$ 16 mil, dependendo do vínculo (Câmara Municipal, Assembleia, Câmara Federal ou Senado). Apesar disso, eles administram um orçamento que pode passar dos R$ 100 mil, levando em conta benefícios como verba de gabinete e os auxílios típidos da atividade parlamentar, a exemplo dos apartamentos funcionais, passagens aéreas, combustíveis e recursos para a divulgação da atuação parlamentar. Um benefício que tem atraído muita gente.

Para se ter uma ideia, nas eleições de2006, quatro anos atrás, portanto, 351 pessoas se lançaram na disputa por um dos cargos legislativos. No pleito desde ano, esse montante cresceu. Atualmente, são 383 postulantes aptos a participar do processo eleitoral. “O fato é que a renda se multiplica após o mandato e muitos enriquecem de forma ilícita”, resumiu o cientista político e professor do Departamento de História da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Jaldes Menezes.

O professor cita como exemplo casos conhecidos da história política brasileira, como do ex-prefeito de São Paulo e atual deputado federal Paulo Maluf (PP). “Ele já foi julgado e condenado, mas é protegido pela imunidade parlamentar”, lamenta. Para o cientista, esse é um dos fatores que tem contribuído para atrair novos candidatos a cada eleição, do mesmo modo que incentiva a reeleição.

Diário da Borborema

Um comentário:

  1. Pera ai!!! Voces não vão querer que depois de eleito, um deputado fique pobre, vão? E agora e que ele vai ficar rico. A mãe Prefeita, ele deputado estadual, o pai deputado federal. Aí é dinheiro com a pá!!!

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