sábado, 16 de outubro de 2010

Internauta analisa o resultado das eleições em Guarabira e a queda de Roberto Paulino: Quem conhece Paulino não vota em Paulino


Quem conhece Paulino não vota em Paulino


Caro Cid Cordeiro e demais autores do NaCola, eleitor e leitor que sou acompanhei com atenção o resultado eleitoral de três de outubro, sobretudo, o de Guarabira.


Pelo que sentia nas ruas, desde já me convenci que Léa Toscano teria mais votos que Raniery Paulino. Logo, a confirmação em nada me surpreendeu. A diferença, talvez.


Espanto mesmo foi Léa ter superado Roberto Paulino. Dizendo assim, pode até ser visto como simples este fato. Mas, analisando a bagagem do vencido, veremos, sem dificuldade, que a vitória dela sobre ele é bastante emblemática e heróica. Afinal, Roberto Paulino carrega na sacola dois mandatos de prefeito, dois de deputado estadual, um de deputado federal, um de vice-governador, e de governador do Estado. Léa não derrotou qualquer um.


Nos detendo mais aos números, também verificaremos outro claro recado das urnas. Explico. Na Paraíba, há 16 anos, Roberto Paulino conquistou 31 mil votos para deputado federal. Agora, também no estado, subiu para 41 mil. Cresceu, portanto.


Na contramão da Paraíba, Guarabira agiu diferente. A cidade deu a Roberto Paulino votação abaixo da que tivera há dezesseis anos, embora ambas tenha ficado na casa dos 11 mil. Para ser exato, foram 25 votos a menos.

Lembre-se que, há dezesseis anos, o eleitorado era bem menor: 31.582. Hoje, é de 37.985. Na ponta do lápis, temos mais 6.403 votantes.

Diante dessa realidade – Roberto crescendo na Paraíba e encolhendo em Guarabira -, não há como não concluir que quem conhece Roberto Paulino não vota em Roberto Paulino.

E por que quem conhece não vota nele? Basta um olhar mais isento, sem desconhecer as qualidades dele, para se descobrir as causas.


Roberto Paulino é o artífice e comandante de um grupo político instalado na Prefeitura de Guarabira desde o ano de 2005. Chegou ao poder tendo na Presidência da República Lula, de quem se anuncia amigo próximo. Em 2009, ascende ao cargo de governador do Estado outro amigo seu, José Maranhão.


Tudo isso, essa hegemonia de poder, deveria ter sido aproveitada para que a cidade, e por consequência a região, desse uma guinada em seu desenvolvimento econômico e social, o que não ocorreu. Enquanto cidades menores agarraram a chance e conquistaram investimentos, Guarabira ficou a ver navios. E os resultados danosos não são sentidos agora. Só mais à frente, com o avanço dessas outras cidades, a partir dos louros desses investimentos, é que se verá o quanto deixaram Guarabira para trás.


Some-se a isso o desastre administrativo instalado na prefeitura. Uma gestão focada numa Guarabira da década de 30, que não percebeu ser a cidade outra bem diferente, pujante, desenvolvimentista, com carências de ontem, mas já com necessidades diferentes de outros centros.

O político, em seu mister, deve ser um servidor do povo. Para isso, deve servir de acordo com as necessidades desse povo. Roberto Paulino, no entanto, não evoluiu, e, por isso, não conseguiu identificar os dramas dessa nova Guarabira e construir as soluções esperadas.


Alguém poderá perguntar: mas esse revés não será coisa de momento? Roberto não voltará de novo, forte, como já ocorreu antes? Talvez sim, talvez não. Afinal, essa nova geração perdoará Roberto quando vir cidades com e Guarabira sem UFPB, SAMU, CEFET, entre outros? Essa juventude perdoará Roberto sabendo ter sido ele o grande omisso e responsável pela cidade não ter se desenvolvido como podia e devia?


Assim como a Paraíba, com Ricardo, Guarabira também começou a dar mostras de que mais que crescer ela avançou, inclusive, politicamente. Admitir uma dinastia, com mãe, pai e filho no poder, como ninguém mais fosse qualificado, só essa família?

Por isso, o basta das urnas!

Emanuel Sobreira de Alcântara

Leitor e eleitor








6 comentários:

  1. Caro Emanuel, gostei de sua reflexão, concordo em gênero, número e grau. O Grupo Paulino do primeiro mandato de prefeito nos idos anos setenta pra cá, não mudou nada. É a mesma babozeira de sempre. Eles administrativamente não enchergam um palmo a frente do nariz, só pensam em agradar e arrumar os seus. Não podemos deixar de reconhecer a cidade de Cuitegi, que despertou mais cedo que Guarabira

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  2. Estamos começando a viver novos tempos, o eleitor cada vez mais antenado, já não vota pelo passado e sim pelo futuro. Olhar para traz é perder tempo. Parabéns pela reflexão.

    Lucas Porpino

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  3. Anibal Martins de Melo17 de outubro de 2010 às 06:43

    Que tolice, como se política partidária fosse matemática. O jovem que agradar a quem? Léa ou Zenóbio?

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  4. Dr. Pimentão Saullinu17 de outubro de 2010 às 15:54

    fizeram a festa do chororo ontem.sabe onde?
    lá no braseiro,onde enterraram um cabeça de burro.o bolo era tão pequeno que o proprio ficou sem graça e a bebida era pouco. é o que dá gaztar muito na campanha. e comemorar aniversario antes do dia dar um azara dando

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  5. Joel de Melo - Guarabira17 de outubro de 2010 às 16:11

    A falta de dinheiro é a causa principal da derrota de qualquer candidato a deputado. O mais prestigiado popularmente ou gasta dinheiro ou esta fadado a derrota. Essa conversa de analfabeto votar sem dinheiro não exprime a verdade. Principalmente ele que, se não sabe ler nem escrever como diabos vai saber o que houve no passado e o que será bom para o futuro. Esse tipo de reflexão é de intelectual de revista de quadrinho. A realidade das eleições no Brasil é outra. Um simples caldeirão de sopa nas margens da lagoa do Parque Solon de Lucena deu quase 100.000 votos e elegeu folgadamente um candidato. Houve voto de protesto, sim! Mas a maioria dos votos de Toniho do Sopão foi exatamente de famintos que vivem nas ruas, de desempregados, de analfabetos que enchem as ruas da capital e até de trabalhadores que ganham miséria. Quem reflete sobre em quem vai votar são os que tem bom emprego, são os que tem estudo, são os que não se vendem, e esta não é a grande maioria. Num País onde existem 20.000.000 de pessoas que sequer têm registro civil, não pode ter um eleitorado a nível de saber quem pode ser bom para o futuro ou não,o dinheiro é quem dar o tom,principalmente pela qualidade de políticos que temos. A Léa não será a salvadora da Pátria nem vai fazer mais do que Raniere, apenas teve mais habilidade na conquista ($) do voto do analfabeto. Essa é a verdade!!!

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  6. Meu caro Cid Cordeiro e a turma desse polêmico Blog, lendo um dos comentários me deparei com a reflexão do Joel de Melo e que me trouxe a certeza de que o artigo desperta além das importantes reflexões,paixões tipo “La passione”..

    O dinheiro é importante na eleição? Sim, é!
    O dinheiro é importante na locomoção, na alimentação, na saúde, na educação, no lazer?
    Sim, também é!

    Não posso me coadunar no pensamento discriminatório sobre o analfabeto,que por não saber ler fica colocado num plano muito abaixo do conceito de eleitor.
    É verdade: o analfabeto não sabe ler e nem escrever e ,por isso, mesmo não poderá se socorrer dos livros para ler e depois colocar no papel a sua interpretação. Muito bem, caro Joel.

    Porém, meu caro Joel, o analfabeto saber ouvir, enxerga toda movimentação de uma eleição. Vê e ouve televisão, ouve rádio e conversa com os amigos diariamente.
    Quando fala da sopa do Toinho é a prova que toda eleição tem o voto da gozação, da rebeldia, da crítica. Os famintos, os moradores de rua também têm o direito de escolher. Quem tem bom emprego também são capazes de votar nos tiriricas da vida. E aí?

    Lula mal sabia ler e escrever e foi eleito presidente da República e deu nó em muitos intelectuais.
    O bom da democracia é que podemos pensar diferente e buscar o mesmo ideal. E com dinheiro ou sem dinheiro, analfabeto votando ou não, com sopa pedindo ou não mai$ tempero, vamos aos poucos nos aprimorando. Por isso, diminua seu rancor, porque nem Raniery,nem Lea, nem Zenóbio, nem Roberto têm culpa das armadilhas que o jogo político eleitoral impõe aos candidatos. Guarabira tem que comemorar com a bela eleição de dois verdadeiros representantes do Brejo.

    Kaline Moraes da Silva

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