segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ricardo Coutinho: tudo contra, menos o povo

O povo da Paraíba cassou no voto o governador José Maranhão e entregou a Ricardo Coutinho, governador eleito com 1.079.164 votos, a chave para que se abra um novo ciclo político no Estado.

Ricardo ganhou a eleição no primeiro turno.

Foi ali, no dia 3 de outubro, que ele escrevia o nome para história. O segundo turno foi apenas uma “continuidade da vitória”. Como um time que ganha de goleada no primeiro tempo e, no segundo, fica apenas tocando a bola no meio de campo, estimulado pelos gritos de “olé” da torcida.

Foi quando ganhou de Maranhão com toda sorte de previsões contrárias no primeiro turno que Ricardo confirmava uma tese: o maior patrimônio de um candidato é o conceito. O ex-prefeito tinha formado um, pra desespero dos adversários, que não poderia ser derrubada nem com boatos nem com assédio estatal.

Simples: o que Ricardo construiu com ações durante toda sua trajetória política ninguém, seja profissional da comunicação ou agente político, conseguiria desconstruir com palavras.

Por ora, caros leitores, somente Ricardo Coutinho tinha – e tem - o privilégio de desconstruir o próprio conceito. Ninguém mais. E que conceito é esse? O de honesto, gestor de resultados em João Pessoa e “anti-político”, que não se perde em mimos com a classe política.

Por isso que as acusações contra ele não surtiram efeito modificativo do processo. E alguns casos até se voltaram contra o autor, como quem cospe pra cima e espera o cuspe cair na própria face.

Acusá-lo de querer legalizar as drogas e ter pacto com o diabo foi uma das maiores idiotices dessa campanha. Por uma questão muito simples: ao acusar Ricardo de favorável às drogas e adepto do satanismo, esqueceram de imprimir em Maranhão o conceito de defensor dos jovens e de homem de Deus.

Ou seja, durante toda a campanha tentaram desconstruir Ricardo sem fazer o mais importante: construir Maranhão. Que ficou com o “candidato do governo que quer manter-se no governo”.
A coisa piorou quando Maranhão passou a agir com a máquina, seja pública, dando reajustes salariais surpresas, seja clandestinamente, condicionando os serviços públicos ao voto no PMDB. Chegou a se orgulhar de publicizar a nomeação do deputado federal Wellington Roberto (PR) como coordenador político no segundo turno. Ora, Wellington Roberto goza exatamente da fama de negociador, com apelo popular questionável, apesar da quantidade indiscutível de votos que recebe.

Isso só daria certo se o adversário de Maranhão não tivesse, assim como ele, “conceito”. Acertou com a história da “PEC 300”, que era um tema segmentado. Mas tinha tão pouco historio de reajuste salarial para servidor, que teve policial que declarou no domingo votar em Ricardo após a sanção da PEC porque confiava mais no ex-prefeito para pagá-la.

Esse tal conceito de honesto, gestor de resultados e “anti-político” fez com que Ricardo criasse um de seus maiores patrimônios: um exército de kamikazes. Militantes dispostos a morrer pela causa.

Não os tivesse, Ricardo teria descido a ladeira na primeira pesquisa Ibope dando mais de vinte pontos de diferença para Maranhão no primeiro turno. A turma de Ricardo agia como Argos, o fiel cão de Ulisses. Esperariam anos e anos para morrer ao lado do chefe. E com orgulho.

Daí, foi só unir-se a Cássio Cunha Lima, liderança política que gozava da simpatia de um milhão de paraibanos desde 2006, e contar com a ajudar de Maranhão que polarizou a briga com o tucano, para completar o círculo.

Estava feito um governador.

Blog do Luís Tôrres

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