sábado, 8 de maio de 2010

Perdem-se os anéis e não os dedos

Passados alguns dias da desistência do senador Cícero em disputar o Governo do Estado foi possível perceber que a “revolta” do senador foi uma enorme contradição com as coisas que ele pregava na sua insistência de ser candidato e agora ao abrir mão da sua pré-candidatura. No discurso para justificar sua saída da disputa pelo Governo do Estado, ele deixou clara a sua indignação com o ocorrido e, simplesmente, destilou toda a sua ira ao ser desprestigiado pela maioria do PSDB. Mas continuou afirmando que é uma pessoa desprendida, que não tem vaidade política. Ele perguntou: Onde exatamente errei? Os paraibanos perguntavam: Onde exatamente erramos? Como assim? Se ele realmente não se importasse com cargos e poder, não estaria com tanto ressentimento. Quando, na sexta (07), foi anunciada sua "desistência" de concorrer ao Governo e que ele passava a bola o senador afirmou que não estava triste e que "pelo bem da Paraíba", estava abrindo mão da candidatura. Naquele dia, anunciou que não tinha apego a cargos. Recebeu até elogios pelo seu "desprendimento". Porém, logo após a desistência, Cícero mostrou todo o seu rancor corroído que foi pelo fogo amigo. E os paraibanos se perguntam, diante da revolta do senador, onde está o desprendimento? Ele filosofou: ”Teria eu errado ao questionar que se estreitaram agora às opções do eleitor entre o atraso que combatemos e a falsa novidade que sempre nos combateu? Com o devido respeito, mas será que é somente isso que nos resta como opção?”. Todos sabem que Cícero não abriu mão da candidatura por sua livre e espontânea vontade; que sua voz estava, sim, embargada naquela tarde de sexta. E assumir isso não seria nenhuma desonra. Pelo contrário. Seria a coisa mais natural do mundo. A população sabe que o PSDB não o queria na disputa eleitoral como candidato ao Governo. E ponto. O pré-candidato Ricardo Coutinho saiu perdendo. Mas o PSDB e toda Oposição também. O Governo Maranhão perdeu ao esperar um discurso que causasse uma sangria desatada. Nada disso. O senador Cícero perde mais, é claro. Além de ver seu sonho acabar, saiu da tribuna do Senado com dois semblantes: um desprendido e outro cheio de rancor. O mundo da política é, de fato, complexo: a maioria das pessoas não tem (nem os próprios políticos) o domínio sobre todas as variáveis que estão em jogo. Por isso, é sempre bom recorrer ao poeta Mário Quintana: “Viver é acalentar sonhos e esperanças, fazendo da fé a nossa inspiração maior”.


Cid Cordeiro

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