sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

PMDB quer acomodar quatro derrotados; um deles é Maranhão

O clima de disputa entre o PT e o PMDB pode até ter ficado mais ameno depois que a presidente Dilma Rousseff determinou que as negociações por cargos sejam feitas sem alarde, mas, na prática, os dois partidos continuam irredutíveis nas reivindicações.

O PMDB quer acomodar quatro derrotados nas eleições de 2010: Geddel Vieira Lima (BA), Hélio Costa (MG) e José Maranhão (PB), que foram candidatos a governador, e Orlando Pessutti (PR), que desistiu da candidatura à reeleição no Paraná para apoiar Osmar Dias (PDT).

Os peemedebistas se recusam a abrir mão da diretoria-geral do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS), vinculado ao Ministério da Integração Nacional, ocupado pelo PSB. É certo que o atual diretor-geral, Elias Fernandes, aliado do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, será substituído. O PMDB afirma que indicará o novo nome. Os socialistas respondem que o substituto pode até ser do PMDB, mas será "resolvido" pelo ministro Fernando Bezerra Coelho e "autorizado" pela presidente.

O setor elétrico é um dos mais difíceis nas negociações. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não aceita perdas em empresas estratégicas. Para os petistas, porém, a manutenção ou acomodação de indicados de Sarney não será tão simples. Em conversas recentes com líderes do PMDB, Dilma e o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, avisaram que querem compensações para garantir o apoio à reeleição de Sarney na presidência do Senado. Em troca, Sarney teria de abrandar seu apetite por nomeações.

Sem cargos de visibilidade na equipe de Dilma, o PT do Nordeste decidiu reagir, cobrar mais espaço no governo e avisar que não aceitará "porteira fechada" para o PMDB. Em reunião realizada ontem, governadores, deputados e senadores petistas entregaram uma extensa lista de pedidos ao presidente do PT, José Eduardo Dutra, mas prometeram seguir a ordem de Dilma de não dar cotoveladas em público.

"O PT do Nordeste está sub-representado no ministério e é importante haver compensações no segundo escalão", resumiu o deputado Fernando Ferro (PE), líder do PT na Câmara. "Não existe essa história de ministério ou estatal de porteira fechada. É possível dividir responsabilidades com o PMDB e outros aliados." No jargão da política, porteira fechada significa a indicação de todos os cargos.

O governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), saiu da reunião com Dutra fazendo piada. "Eu estava brincando de baralho, mas embaralharam minhas cartas e eu fiquei sem nada", disse Déda, numa referência ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. Sua indicada, Maria Lúcia Falcón, acabou fora da equipe.

Estadão

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