domingo, 22 de janeiro de 2012

Guarabira: O homem que sabia javanês!!!

Recentemente um grupo político reuniu-se para debater as estratégias políticas.
Presentes na reunião, além do chefe político, três pré-candidatos a prefeito. Faltou um, mas a falta não atrapalhou a pauta.

O chefe cobrava dos pré-candidatos uma defesa constante e intensa do governo de sua mulher e foi aí que ouviu algumas queixas, exigências e atitudes para que eles pudessem botar ou tirar o bloco das ruas.

O pré-candidato 1, que jogou a toalha na sua pré-candidatura, afirmava que a desistência foi motivada pelas consultas feitas internamente em suas empresas e também seu alto índice de rejeição. Colocou que se continuasse, teria sérios problemas com seus funcionários, que muitos se aproveitariam da sua condição de pré-candidato e que muitos iriam se utilizar dos atestados- médicos para não trabalhar.

O pré-candidato 2 afirmou que só iria para o sacrifício se houvesse uma melhora significativa nos índices de aprovação do governo e que seria preciso fazer uma grande limpeza na cidade.

O pré-candidato 3 disse que seria o melhor nome por conhecer bem a cidade, ser fiel, mas que não contava com um bom suporte financeiro e que precisava de mais ações do governo para continuar a defendê-lo

O chefe ouviu tudo e enfatizou que o governo de sua mulher foi o que trouxe mais asfalto para a cidade e que asfaltaria todo centro da cidade até a campanha eleitoral e que também fará um grande mutirão da limpeza nas ruas da cidade.
No conto de Lima Barreto, ele mostra a irreverência estúpida a esse saber exótico: a artificialidade de alguns políticos, a política dos favores, a eficiência dos títulos num país de doutores, avocação para o improviso, para o oportunismo dos muitos "Castelos" da vida brejeira. No município das trapalhadas, a desordem é legítima por uma ordem feita apenas de aparências.
Os pré-candidatos, “ingênuos e tolos”, caem nas mentiras do chefe político.
Em verdade, o chefe político é o único entre eles que sabe falar javanês!

E quem tem olho grande?
Entra na China?

O homem que sabia javanês é uma crítica áspera "aos políticos e aos donos da vida em geral, à mania de ostentação, ao vazio intelectual e à incompetência" - denúncias que, lamentavelmente, permanecem atuais.

Cid Cordeiro

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