sábado, 4 de agosto de 2012

Mensalão e suas histórias

JORGE BASTOS MORENO
Coluna Nhenhenhém / O Globo

Mensalão na comarca de Brasília

Logo na abertura da primeira sessão do mensalão, o presidente do Supremo, Ayres Britto, confundiu nomes dos convidados especiais da Corte com os dos advogados de defesa. Retomando a leitura, estendeu aos réus o tratamento de "doutor" que havia dado aos convidados, mas logo se deu conta de que, com isso, estava reverenciando os 38 acusados e passou a citá-los diretamente pelo nome, sem o honroso título.
A gafe de Ayres Britto me reportou ao que contava Tancredo Neves sobre como eram tratados os réus quando integrava a banca de advogados do Tribunal de Júri da comarca de São João del Rei.
Como em São João del Rei tudo é solene, o juiz, segundo Tancredo, determinava: "Que entre o réu!" Tocava-se a corneta e entrava, como guarda de honra do réu, um soldado da PM, vestido de guerreiro romano, marchando forte e batendo continência com uma mão ao juiz e, com a outra, anunciando solenemente: " Sua Excelência o réu!".
E tome palmas!

Cliente

O criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o famoso Kakay, costuma dizer que a pior coisa para advogado é defender inocente. O culpado, segundo ele, já chega consciente do que fez e do que pode lhe acontecer. E obedece cegamente às instruções da defesa. Ah, e o mais importante, lembra Kakay, paga à vista.
Já o inocente chega acreditando na lei e na Justiça. Questiona a estratégia da defesa, recusa os álibis sugeridos pelo advogado, pede fiado, prometendo pagar só depois da sua absolvição.

Postado por Cid Cordeiro

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